POMBAS NÃO TRAZEM SÓ PAZ
Fezes podem causar Meningite, Pneumonia e outras doenças.
Quem vê uma multidão de pombas levantando voo no meio de uma praça não sabe o risco à saúde que eles representam. Nas fezes dos chamados “ratos que voam”, cresce um fungo, o Cryptococcus, que, quando inalado, pode desencadear uma série de doenças, como a criptococose (infecção pulmonar), a meningite (inflamação da meninge) e a pneumonia (infecção nos pulmões). O risco não é tão significativo entre a população saudável, mas pessoas com problemas de imunidade, como os imunodeprimidos, pacientes com câncer ou aids, são mais predispostas.
— O fungo se desenvolve em ambientes onde há fezes das pombas e, quando essas fezes desidratam, viram pó. Qualquer movimentação aérea, seja de vento ou varredura, ou até a pomba voando por cima, coloca os esporos do fungo em suspensão no ar – diz o médico Flávio de Queiroz Telles Filho, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). – A doença, quando ocorre, é muito grave. Pode ter taxas de mortalidade de 30% a 40%. O tratamento é hospitalar, com drogas intravenosas. A meningite criptocócica é a forma mais comum e o que gera maior preocupação.
A meningite é uma doença que pode ser causada tanto por vírus, bactérias ou no caso citado, por fungos. Os sintomas e o tratamento são diferentes. De acordo com o infectologista Jaime Rocha, na meningite por Cryptococcus o paciente não sente a característica rigidez da nuca.
— A pessoa costuma ter dor de cabeça, que não é súbita, é persistente e progressiva. Vai aumentando a pressão na cabeça, podendo levar a uma mudança na audição, na visão. Pode-se confundir com uma dor de cabeça, uma enxaqueca – afirma o médico.
O diagnóstico final vem com o exame do líquor (líquido cefalorraquiano), de retirada do líquido da espinha. No tratamento, nada de antibióticos ou antivirais, mas antifúngicos, em doses altas e por longos períodos de tempo – de três a seis meses.
Médico recomenda: Não alimente as aves
As fezes das pombas também podem conter a bactéria salmonela, e há quem desenvolva alergias ao material presente nas penas. Telles Filho comenta:
— O mais correto, para prevenir, seria um sistema de limpeza pública que molhasse esses locais onde há o acúmulo das fezes, e que elas fossem recolhidas em seguida. Quando molhado, o fungo não vai para o ar.
A recomendação é evitar acesso a água, alimentos, abrigo e locais com muito movimento de pessoas.
— Ainda tem gente que alimenta as pombas, o que não é recomendado. Telas em locais onde a ave possa fazer ninhos ajudam – indica o médico.
Fonte: Jornal Zero Hora/Caderno Saúde/Amanda Milleo/Gazeta do Povo em 14/07/2019