ERA ASSIM...
LIVRO DE ETIQUETA DO SÉCULO 15
Chama-se LIVRO DA HONESTA VOLÚPIA a obra que o italiano Platino de Cremona escreveu em latim, em 1474, e foi traduzido na França em 1505. O autor pertencia a uma família nobre e tratava mais das boas maneiras para receber em mesas palacianas do que de receitas gastronômicas. Cremona era um epicurista – sabia e ensinava como se devia aproveitar a vida de acordo com o exemplo dos gregos. Ele fazia uma mistura de regras de etiqueta com ensinamentos de medicina, o que era comum na sua época. Ensinava como decorar ambientes para uma festa e montar uma mesa de refeições com estética, estabelecendo a ligação da gastronomia com a beleza. A influência de Cremona foi grande na corte francesa, que teve a cozinha italiana como modelo, logo superado pela própria cozinha francesa.
NA CORTE DA RAINHA VITÓRIA
Sabe-se que apesar da fama que os ingleses tem de maus cozinheiros, suas maneiras à mesa são as mais rígidas. Durante o reinado da rainha Vitória, em pleno século 19, lia-se nos livros de etiqueta que as moças casadoiras não deviam comer queijo, nem carne de caça para não ficarem com mau hálito, afugentando os candidatos. Também deviam preferir alimentos mais leves e em menor quantidade da que os homens se serviam. No tempo da rainha Elizabeth I era um pouco diferente, seguindo o modelo da soberana austera e valente. Nas mesas elizabetanas eram as mulheres que se encarregavam de trinchar as carnes, facilitando a tarefa tradicionalmente masculina. As anfitriãs costumavam comer em reservado, antes do banquete, para manusear as facas, cortar a carne e servi-la aos convidados do marido. Não estamos muitos distantes daquela realidade, pois agora há muitas mulheres que preparam churrascos e sabem dar os devidos cortes às carnes.
UM OLHAR NA HISTÓRIA
Os modos delicados da era de Luis XIV, segundo Voltaire, escritor e filósofo francês, “transformaram uma nação turbulenta como a França em um povo pacífico, perigoso só para os inimigos.” A palavra “cortesia” se originou na corte, das atitudes dos nobres que frequentavam o palácio real, procurando agradar o rei como mandava a etiqueta. Esse formalismo teatral extrapolou os muros palacianos e foi imitado pela burguesia emergente. Com a Revolução Francesa, caiu um sistema político, cabeças rolaram, mas não os costumes da Versailles de Maria Antonieta. Napoleão Bonaparte reproduziu aqueles costumes, e nunca houve protocolo tão rigoroso como o de suas recepções.
Fonte: Jornal O Sul