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Jardim de Palavras — 2ª Antologia Poética
Jardim de Palavras — 2ª Antologia Poética

TEMA:  SEREI UM JARDIM?

 

1. O POETA E A POESIA

                  

A poesia perdeu o poeta...

Ou será que foi o poeta...

Que perdeu a poesia?

Não sei a resposta...

O que acontece agora?

Lamentamos...

E a poesia está muito triste...

O poeta... 

Pela poesia perdeu o interesse.

Esqueceu-se das palavras...

Deixou-as para trás...

E a sua essência crítica e verdadeira...?

Não mais falará...

Nem gritará o seu silêncio...

São momentos de mudanças e renovações...

É na primavera que tudo se transforma,

Palavras espalhadas pelo vento forte...

Palavras molhadas pelas breves chuvas,

Que apenas umedecem o solo dos jardins...

Para brotar a perfumada primavera de

Multicoloridas flores... 

E encantar os poetas.

Poetas que falam de amores e de saudades,

Poetas que falam da vida e da felicidade.

Vida solitária,

Vida triste,

Mas as palavras fluem,

Libertando a alma da tristeza e melancolia...

E o poeta que perdeu a poesia...?

Triste ficará a sua alma sem a liberdade,

Sem as mudanças e sem as transformações...

Pobre poeta...

Que as palavras não mais existem,

A poesia perdeu o poeta...

Ou será que foi o poeta que perdeu a poesia?

 

Nell Morato

[Direitos Reservados]

 

 

2. NADA MAIS IMPORTA

 

No meio do nada,

O ônibus para no acostamento...

Olha-me o motorista e diz que devo descer...

E seguir na estradinha à frente até um enorme carvalho...

Devendo prosseguir à esquerda da centenária árvore,

Logo encontrará o que veio buscar...

Diz o condutor.

Descendo do ônibus reparo na estrada de terra que devo seguir,

Depois observo meus pés...

Calçados com sapatos de salto alto,

Minhas vestes...   

Um esvoaçante e longo vestido branco...

Inapropriados para andar na estradinha à frente...

Mas sorrio...

Seguindo em frente...

Rumo ao desconhecido e misterioso caminho.

E logo,

Detenho-me extasiada diante de tanta beleza...

Será o paraíso?

Meus olhos percorrem o lindo jardim...

Tantas flores,

Tantas cores...

Magníficas árvores...

Fontes naturais de água cristalina... 

E o perfume,

Das lindas flores...  

Doce e inebriante

E o som silencioso das águas...

Parecendo entoar uma linda canção...

“Venha para meus braços minha amada”...

Abaixo-me,

Descalço os sapatos...  

Deixando-os ao lado

E andando lentamente,

Sigo pelo caminho de pequeninas pedras brancas... 

Meus olhos curiosos e expectantes... 

Olhando em todas as direções...

Procurando...

Estou ofegante

Meu coração parece querer romper o peito em busca dele!

Ele...

E de repente eu o vejo. 

Sentado em uma grande pedra rosada brilhante,

De vestes brancas...

Destacando os lindos e sedosos cabelos negros revoltos,

Emoldurando o rosto de traços fortes e viris...

A sedutora boca de lábios

Entreabertos e sorriso ausente...

Belos e penetrantes olhos negros

Devorando-me...

Enquanto sigo em passos lentos e...

Trêmulos ao encontro da bela figura,

Fascinante e atraente figura...

E eu...

Quero correr para ele,

Para o corpo dele...

E finalmente,

Chego à sua frente

Que me observa com volúpia...

Seus olhos devorando-me... então,

Puxa-me delicadamente para seus braços... 

Enquanto me aperta de encontro ao seu corpo ardente...

“Amo-te”, murmura suavemente.

Sua boca exigente me possui

E entrego-me aos beijos molhados...

Nos braços dele estou...

No paraíso estou...

Nada mais importa!

 

Nell Morato

[Direitos Reservados]