IDENTIDADE...
Escrever é o ofício do escritor. Alguns escrevem por amor à literatura, uns para aliviar a alma transbordante de emoções e outros só querem aparecer. Virar celebridade, ser imortal, marcar o nome para sempre em um livro, tanto faz, mas até para os motivos não tão nobres é preciso planejamento, foco.
Durante o último *FLAL, que durou mais de dois meses, tivemos dificuldades em “marcar” e/ou localizar alguns autores. Inscreveram-se no nosso festival com um nome e depois desapareceram do Facebook… Na busca pelos autores desaparecidos, constatei que alguns haviam “mudado a titularidade no perfil do Facebook”. Outros, não localizei e diante da dificuldade, a equipe deixou pra lá!
Encontramos os mesmos entraves na Leia-Livros. Alguns autores se escondem deles mesmos. Não encontramos nenhum endereço eletrônico. É uma facilidade em criar páginas e páginas, perfis, blogs, sites e e-mails e cada um com um nome diferente. E onde fica a identidade do autor? Como será reconhecido pelos leitores? E o pior, é que incomoda muito… Reclamam dos perfis “fakes” e criam um para cada protagonista de suas narrativas. E a identidade do autor? Como será encontrado nas redes sociais? Se escreveu cinco livros, cinco protagonistas com uma identidade fake e com foto (reconheço, às vezes, as celebridades que “emprestam” sua imagem), e o leitor fica como? A não ser que você autor, escreva apenas para um seleto público, e não tem a intenção de ser reconhecido como escritor brasileiro, que esteja satisfeito com o seu grupinho de leitores/amigos… ou até mesmo, que “pense” que o seu grupinho de colegas escritores é o único da sua cidade ou estado...
Nossa, fica até estranho escrever “ser reconhecido como escritor brasileiro”, mas é o sonho de todos nós que fazemos da literatura a nossa existência, certo?
Imagine o que aconteceria com o seu dinheiro, você escritor brasileiro, que trabalha para pagar suas contas e manter a família; quando pode, publica um livro pagando do próprio bolso, porque não temos incentivos por parte dos governos de nosso país; se você distribuísse o seu salário em cinco bancos? Quais as vantagens que receberia das instituições financeiras? Nenhuma. Talvez recebesse muitas propostas para transferir seu capital para um só banco; mas vantagens, por manter uma conta com saldo ínfimo, creio que nenhuma, aliás teria muitas tarifas para pagar.
O mesmo acontece com os perfis no Facebook. Essa discrepância toda acontece aqui, pela facilidade em abrir contas. Perfil é para pessoas, que é o objetivo da rede. Para os livros e, aí sim, com destaque para os personagens, existem as páginas.
O meu objetivo é sugerir que cada escritor crie a sua identidade, única, aquele nome, seja real ou pseudônimo, será usado em todos os seus trabalhos. E, assim, com o passar do tempo… poderá ser localizado, lido, comentado, criticado ou elogiado. Embaraçado fica quando o nome é comum e existe uma multiplicidade de perfis, aí, no livro consta a autoria, só que no Facebook, está diferente… quem procurar tentará a barra de pesquisa e a rede apresentará inúmeros perfis com o mesmo nome… Danou-se!
Que mudem as fotografias do perfil, atual ou antiga, quando era criança ou já adulto, isso não importa. Todos sabem que em rede social as imagens mudam constantemente, o prato de comida do jantar de hoje é diferente do prato fotografado ontem… a imagem é subjetiva. O que conta é a identidade nominal.
Então, como quer ser lembrado? Um escritor desconhecido, confuso com vários nomes e nenhuma identidade? Ou vai marcar o seu nome na Literatura brasileira? Não adianta registrar na Biblioteca Nacional, na Câmara Brasileira do Livro, também é preciso marcar no dia a dia, na internet e em todo lugar, a qualquer instante… falou escritor e você se apresenta!
*FLAL – Festival de Literatura e Artes Literárias - Festival realizado no Facebook.
Nell Morato—12/01/2018